Existem diferentes variantes de cimento que desempenham papéis específicos na indústria da construção civil. É um equívoco acreditar que “cimento é tudo igual”. Cada tipo de cimento possui uma fórmula distinta, projetada e fabricada para atender a diferentes finalidades na construção. Utilizar o tipo de cimento errado pode acarretar problemas na obra.
Para entender melhor, vamos conhecer os diversos tipos de cimento disponíveis no mercado, suas finalidades e quais são mais adequados para cada tipo de construção.
Ao observar as embalagens de cimento durante o processo de construção, é comum notar a presença de siglas que indicam o tipo específico de cimento. No total, existem 11 tipos de cimento utilizados na construção civil: CP I, CP I-S, CP II-E, CP II-Z, CP II-F, CP III, CP IV, RS, BC e CPB.
CP I: Cimento portland convencional
Este tipo de cimento é o mais básico disponível no mercado. Possui uma fórmula simplificada adequada para obras que não exigem características específicas do cimento. O único aditivo utilizado é o gesso, que retarda o tempo de endurecimento para permitir uma aplicação mais flexível. É um cimento de baixa resistência e é frequentemente utilizado na indústria.
CP II-S: Cimento portland convencional com aditivo
Este tipo de cimento tem uma composição muito semelhante ao CP I. A diferença está no fato de que o CP II-S possui aditivos pozolânicos, o que resulta em uma menor permeabilidade do produto.
CP II-E: Cimento portland aditivado com escória de alto forno
O cimento CP II-E é considerado um produto intermediário entre os tipos Convencional e Aditivado. É usado principalmente em obras que requerem uma liberação de calor mais lenta. A presença de escória de alto forno na composição desse cimento resulta em menor liberação de calor durante a hidratação, quando em contato com água.
CP II-Z: Cimento aditivado pozolânico
Assim como o CP II-S, este cimento possui adição de pozolana em sua fórmula, mas em uma proporção maior, o que garante uma melhor impermeabilidade. Essa característica faz do CP II-Z o mais recomendado para obras subterrâneas com alta umidade ou que estão em contato direto com a água.
CP II-F: Cimento aditivado com material carbonático (fíler)
Este tipo de cimento é altamente eficiente em aplicações de obras simples, mas que exigem resistência, como concreto, concreto armado, concreto protendido, pré-moldados, pavimentos e pisos de concreto. Sua fórmula contém uma concentração de fíler carbonático entre 6% e 10%.
CP III: Cimento de alto forno
O CP III possui características como baixa geração de calor durante a hidratação, alta durabilidade, impermeabilidade, boa resistência a variações de temperatura (expansão e contração) e resistência a materiais à base de sulfato.
Pode conter até 70% de escória em sua composição. Devido a sua resistência em ambientes agressivos, é amplamente recomendado para obras como barragens, pontes, sistemas de esgoto, fundações para máquinas e afluentes de esgoto, além de obras mais simples e genéricas.
CP IV: Cimento pozolânico
Assim como os outros tipos aditivados, o CP IV contém uma quantidade maior de pozolana em sua composição, variando de 15% a 50%. Devido à alta concentração de pozolana, apresenta alta impermeabilidade e durabilidade.
Possui boa resistência em ambientes ácidos e contato com sulfato. É indicado também para obras em contato com água corrente, devido à baixa porosidade.
CP V: Cimento de alta resistência inicial
É um tipo de cimento semelhante ao convencional, pois não possui aditivos em sua fórmula. No entanto, seu processo de fabricação envolve dosagem diferenciada de argila e calcário, com moagem fina.
Graças a suas características físicas, adquire resistência mais rapidamente e é ideal para a produção de concreto.
RS: Cimento com resistência a sulfatos
Os cimentos RS têm diferentes formulações de acordo com a marca. No entanto, sua característica principal é a resistência a sulfatos, o que os torna adequados para uso em redes de esgoto, por exemplo.
BC: Cimento com baixa geração de calor durante a hidratação
Este cimento é usado principalmente em construções sujeitas a grandes variações de temperatura. Devido à sua baixa geração de calor, é mais resistente a rachaduras causadas pela expansão e contração do material.
CPB: Cimento branco
O cimento CPB é fabricado com caulim em vez de argila e possui baixas concentrações de manganês. Isso resulta em uma coloração branca e seu principal uso está relacionado ao rejuntamento de peças cerâmicas. Como é branco, pode ser personalizado de acordo com as necessidades da obra e está disponível em outras cores, colorido ou queimado.
Curiosidade – A origem da nomenclatura “Portland”
A letra “P” em cada uma das siglas significa “Portland”. O cimento Portland é o aglutinante mais utilizado na construção civil em todo o mundo. Foi criado na Inglaterra há mais de um século, quando a maioria das obras era feita com pedras britadas provenientes da ilha de Portland. Devido à semelhança na coloração entre o cimento e as pedras, o nome “Portland” foi atribuído e se tornou a nomenclatura oficial.
Há mais de um século, o cimento tem sido o principal material utilizado na construção civil. Sua fórmula está em constante evolução, tornando-se mais moderna e garantindo maior eficiência, redução nos custos de fabricação e aplicação, além de um menor impacto ambiental.
Agora que você conhece melhor os diferentes tipos de cimento disponíveis no Brasil, suas características e aplicações, fica mais fácil entender qual deles é o mais adequado para a sua obra!